"Um dos pontos marcantes do cinema de horror é o clássico "O Gabinete do Dr.Caligári", de Robert Wiene. Supostamente Wiene não teria passado de um diretor contratado (Fritz Lang, que mais tarde faria, no gênero horror, o imortal "M - O vampiro de Dusseldorff" deveria ter dirigido o filme, mas não pode devido a obrigações previamente assumidas). "Caligári" expõe o mais latente e forte horror da primeira metade de nosso século. Mas uma vez, o horror que vem de dentro, o horror que está entre nós, o horror da mente.
Com os desenvolvimentos da pesquisa psicanalítica e a publicação dos primeiros trabalhos de Jung e Freud, abre-se um novo campo de estudos na ciência humana: o subconsciente. Mas o que é esse subconsciente? O que é este suposto "inimigo" que mora dentro de nós mesmos e, pasmem, pode controlar nossas ações? Estas questões, e muitas outras, são levantadas.
Doenças de evidente origem mental como histeria e esquizofrenia agora são mostradas como resultados de distúrbios do cérebro, e não mais possessão por espíritos ou outras interpretações mitológicas. Mas isso levanta uma série de medos, pois se temos um subconsciente, temos uma parte de nossa psique que não está sob nosso controle, a mente é o nosso medo.
Caligári então se passa em um asilo, onde dois internos conversam. Toda a perspectiva do filme é irregular e inconstante. Os artistas contratados para pintar os cenários (membros do grupo avant-garde Der Sturm), fizeram jus ao mais sóbrio estilo expressionista alemão. As próprias paredes curvas e suas perspectivas incongruentes nos levam a uma comparação com o caos e a insanidade interior.
Com os desenvolvimentos da pesquisa psicanalítica e a publicação dos primeiros trabalhos de Jung e Freud, abre-se um novo campo de estudos na ciência humana: o subconsciente. Mas o que é esse subconsciente? O que é este suposto "inimigo" que mora dentro de nós mesmos e, pasmem, pode controlar nossas ações? Estas questões, e muitas outras, são levantadas.
Doenças de evidente origem mental como histeria e esquizofrenia agora são mostradas como resultados de distúrbios do cérebro, e não mais possessão por espíritos ou outras interpretações mitológicas. Mas isso levanta uma série de medos, pois se temos um subconsciente, temos uma parte de nossa psique que não está sob nosso controle, a mente é o nosso medo.
Caligári então se passa em um asilo, onde dois internos conversam. Toda a perspectiva do filme é irregular e inconstante. Os artistas contratados para pintar os cenários (membros do grupo avant-garde Der Sturm), fizeram jus ao mais sóbrio estilo expressionista alemão. As próprias paredes curvas e suas perspectivas incongruentes nos levam a uma comparação com o caos e a insanidade interior.
Cada curva é um distúrbio mental, cada sombra, cada cenário irregular é uma alegoria as neuroses psíquicas de nossa mente. A história de um interno de asilo que, conta sua narrativa através de sua visão distorcida e fragmentada do mundo, tecendo uma bizarra trama sobre um sonâmbulo e seu mestre maligno, impressionou muitos. O medo, em Caligári, vem do advento da psicanálise, vem dessa estranha descoberta de que nosso inimigo pode estar dentro de nós mesmos, de que somos controlados por algo que mora dentro de nós e se chama subconsciente, e a situação de imponência a qual essa constatação leva. O que aterroriza o homem do início do século vinte é a constatação de que ele não tem dominio total sobre sua mente. O Dr. Caligári pode ser visto como uma metáfora de nosso inconsciente em ação nos dizendo o que realmente queremos fazer, e obrigando-nos a faze-lo (assim como Cesare simplesmente TEM que obedecer aos comandos de Caligári, não há escolha).
A Europa havia acabado de passar pela traumática experiência da primeira guerra mundial, e a Alemanha, particularmente sofrida no evento (e retalhada pelas nações vencedoras) passava pela época mais terrível desde a sua unificação. Podemos também ver no filme uma crítica a essa guerra, onde há a sugestão que as autoridades era criminosos insanos, que exigiam que milhares de assassinatos fossem cometidos por soldados cegamente obedientes. Ao mesmo tempo, o filme quebra com o realismo e naturalismo vigentes no cinema até então (exceção feita a Mélies), com o cinema transcendendo o realismo fotográfico e ousando com imagens abstratas e irreais da arte moderna. Esse tipo de cinema, de certa forma, continua pouco explorado até hoje. Conrad Veidt ficou assutador como Cesare, com sua fantasmagórica maquiagem branca e roupa preta. Wiene fez um excelente trabalho, apesar de nunca mais conseguir obter o mesmo sucesso. Caligári é um marco do cinema, e um dos pilares do horror psicológico."
Disponível em http://www.mnemocine.com.br/oficina/horror.htm
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